quinta-feira, 19 de maio de 2016

BORIS SCHNAIDERMAN (1917-2016)

Segundo mês, Ano I do Golpe de Estado


O professor, tradutor, crítico & escritor Boris Schnaiderman, 
em retrato de Thiago Lins

Um dos mais importantes intelectuais do país, Boris Schnaiderman, morreu ontem em São Paulo, aos 99 anos. Nascido na Ucrânia no ano da Revolução Russa, chegou a presenciar a filmagem das cenas da escadaria de Odessa, do Encouraçado Potémkin, de Eisenstein, antes de vir para o Brasil, em 1925. 

Tradutor fundamental de autores como Tolstói & Dostoiévski, Schnaiderman se notabilizou também pelo trabalho conjunto com Augusto & Haroldo de Campos traduzindo poesia russa de vanguarda (mais tarde apresentou Maiakóvski no estudo A Poética de Maiakóvski), que não apenas trouxe para o público brasileiro algumas das mais ousadas invenções do cubofuturismo, mas estabeleceu uma efetiva & peculiaríssima colaboração em tradução poética. 

Schnaiderman havia publicado recentemente (2015) suas memórias do período da Segunda Guerra Mundial. Naturalizado brasileiro em 1941, participou das ações da Força Expedicionária na Itália & reuniu essas memórias no Caderno Italiano (publicara antes a ficção Guerra em Surdina).

Seria difícil superestimar sua importância para o estudo da língua & da literatura russas no Brasil: Schnaiderman foi o nome em torno do qual orbitaram todos aqueles que se dedicam & dedicaram ao ensino da língua (criou o curso de Língua e Literatura Russa na USP, para um bom exemplo) & ao trabalho de tradução literária, dos anos de 1960 até hoje. 

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