segunda-feira, 5 de setembro de 2016

MAIS DE CEM MIL

Sexto mês,
Ano I do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer

Mais de cem mil pessoas na Avenida Paulista ontem, contra Temer, 
que, obviamente, é uma pessoa que tem sérias dificuldades de contar.


Sim, encerrei o assunto do Golpe, como havia afirmado na postagem anterior. 

O Golpe foi um sucesso anunciado, & recebido, como em 1964, com fogos & rojões pelos asnos zumbis produzidos por sua própria jeguice natural + a lavagem mental do "efeito manada" da TV Golpe (antes só jornal Golpe), o império da hipnose coletiva dos babões de poltrona.

Mas agora há a ditadura com que lidar. Alguns acharão que isso é malandragem minha, mas é verdade. Se insistem, há sempre Al Pacino para explicar tudo:



Enfim, dizem que se um cachorro morde um homem, não é notícia; mas se o homem morder o cachorro, claro que aí é.

O que quero dizer com isso?

A milícia alckmista criminosa (lamento se isso soar para algumas pessoas críticas como uma redundância, tenho obrigações com a imparcialidade) passou a semana tendo um déjà vu de 1964, talvez assanhada porque o país não tem mais lei (destituiu uma presidente eleita sem acusação sequer contra ela), ou porque o chefão é uma figura sombria da Opus Dei (& sabe-se lá de mais que outras seitas soturnas), ou porque a temporada de contratação de psicopatas para a corporação tenha sido particularmente rica, & bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha (ainda são de borracha, mas vamos voltar em breve aos "anos de chumbo"), porretes a granel, canhões d'água voltaram todos à moda, especialmente nesta última semana, como era previsível para uma estréia digna da nova ditadura.

E, para completar o pacote ditadura reload pedido pelos integralistas da CBF, chamados às ruas pelo Partido Saqueador D0 Brasil & pela TV GOLPE, mais de 20 pessoas foram presas arbitrariamente, alguns menores, isolados de parentes ou advogados, como de costume. 

Deixa ver no meu dicionário como chama isso. Ah, sim, bem aqui: preso político. Mas que nada: não disseram os jornais & as tvs? Tudo baderneiro, black bloc & bandido. Gente boa é essa que a gente pediu pra dar o Golpe, esses são bem limpinhos & podem mandar na gente. 

Quem reclamar tem que apanhar, ir em cana ou morrer.

Só se agora entrarmos com tudo no Palácio do Planalto,
n'est-ce pas? Eu voto que sim.

Isso seria notícia, porque o Ministro da Injustiça, Lex Luthor, está pondo suas manguinhas de fora, uma vez que o país não tem mais lei & ele, que foi advogado do PCC & do Edu Cu, agora pode vestir seu uniforme vintage da SS & andar à roda do quarto estalando fantasiosamente o chicotinho nas coxas (o Alckmista usa o chicotinho nas costas, mas também não é autopunição, é gosto), com seus comparsas lá fora botando para quebrar. 

Dizem até que, para estar sempre nervosinho como está, usa aquele método berserk de apertar sempre as bolas do saco escroto com amarras duras: é, dizem, o que faz com que tenha sempre aqueles estranhos olhos injetados, que parecem querer ser cuspidos do rosto.

Mas é ainda mais notícia porque dessa vez algo muito novo aconteceu: a milícia alckmista atirou em, bateu em & bombardeou um senador da República, um deputado da mesma, um ex-ministro idoso, muitos outros idosos, um monte de crianças, etc. 

Lançou bombas em bares, dentro do metrô & sequer Laerte Coutinho escapou da Blitzkrieg dos neonazis furiosos do poderoso-chefão Alckmista, que deve achar tudo normal porque é pessoalmente adepto do cilício. Ou porque foi acusado seriamente de crime de responsabilidade, & não porque roubou a comida das crianças em idade escolar.

Senador, ex-ministro + gente pacífica, who cares?

Nem o Laerte escapou dessa.


A sociedade brasileira tem uma boa quantidade de pessoas (sim, são pessoas) achando tudo isso muito bom, muito bonito, como dizia a onça do Guimarães Rosa. 

E isso também é notícia, natürlich, porque é o atestado (se alguém precisava de um) de que o Brasil decidiu embarcar sociopaticamente & de modo hipnoticamente coletivo num fascismo desbragado, curtindo uma ultraviolência que nem tem o lado anárquico que lhe daria ao menos uma filosofia monstruosa & nihilista: nope, a brincadeira aqui é servilismo classe média pra uma centena de ultrarricos velhotes mandatários da ultraviolência, apreciando o espectáculo da própria destruição, esquema masoquista luxo prime

Os milicianos alckmistas, percebia-se só de andar perto deles, estavam babando por uma oportunidade de usar suas armas nos desarmados, a tensão era palpável naqueles gorilas pilhadíssimos segurando suas escopetas, seus cassetetes com um ardor de esdrúxulo desvio erótico.

Nos EUA acontece com certa freqüência perfeitamente explicável de um pirado subir num prédio com um rifle & ir pipocando as pessoas; no Brasil, se a gente for contar o número de tipos que, ao invés disso, vestem uma farda & saem apavorando, a gente vai ficar realmente perplexo. 

Não deveria ser surpresa nem notícia: essa violência é igual à da ditadura militar, & eu não me surpreenderia também se houvesse já uns milicianos salivando, aguardando impacientemente o momento de começar a tortura geral; & não deveria ser surpresa nem notícia, porque essa violência existe desde sempre  exatamente assim nas periferias, onde se mata sem nem se preocupar em maquiar a chacina, porque ninguém está ligando para o que acontece com essa gente que todos preferem invisível ou morta. Ou morta quando não puder mais ser invisível, mortas todas aquelas que não se puder domesticar com um uniforme servil.

Essa violência só foi trazida para o proscênio porque a classe média achou que não ia pegar com ela. Ledo engano. A classe a ser protegida, gente boa, é menos de 1%, é quem pode fazer como o ditadorzinho medroso, que deu pro filhinho de 7 anos R$ 2 milhões em imóveis. Gente que está preparando o luxo de umas duas de suas gerações vadias adiante.

E os milicianos alckmistas, como explicar esses duros que batem com gosto em outros duros?
Lembra de 1968? AI-5? Se não, aí vai um gostinho
pra você saber o que te espera adiante.

Além do tipo naturalmente psicopata que essa espécie de serviço já atrai por princípio, há aqueles que, sacando onde está o poder & não achando jeito de participar dele, entram na de ser uns paus mandados do poder, porque sentem que assim é participar dele, estar com os vencedores, porque o vencedor é aquele que não tem pudor algum de passar por cima do outro, é aquele que não respeita nada, porque respeito é pros fracos, os fortes tomam o que quiserem, de quem quiserem, quando quiserem, & ai de quem achar que vai discutir.

Resumindo: acima eu acabo de declinar qual é a mentalidade brasileira deste momento, a chamada "lei do mais forte", ou a "lei da selva". Quem tiver gorilas, que use os gorilas. O Alckmista está pra contratar mais uns, que os montes que ele tem já não garantem. 

Pô, foram mais de cem mil às ruas dessa vez: os gorilas dele tiveram de esperar reduzir o povo para mandar bala.

O que importa, não obstante, é que, definitivamente, o Micharia Temerária, nosso ridículo ditadorzinho liliputiano, mostrou que não sabe contar (& talvez por isso tenha acabado com o programa contra o analfabetismo, por isso extingüiu o Ciência sem Fronteiras & está cortando 30% das verbas das universidades federais: puro despeito), como vemos aqui:

A desculpa dos golpistas era a de que as manifestaçõezinhas
chamadas pela TV Golpe significavam que o, ah-ham, "povo"
queria que Rousseff fosse destituída. Muy bien, & essa enorme
multidão em uníssono seria o quê?  Claro, baderneiros, vândalos.

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