sábado, 4 de novembro de 2017

CAROLICE & CAFONICE GENERALIZADAS, A VOLTA DA "ARTE DEGENERADA" DOS NAZISTAS & OS CONSERVAS PERDENDO O POUCO QUE LHES RESTOU DE CABEÇA (QUE JÁ NÃO ERA MUITA)

Vigésimo mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


Isso foi nos anos 1960, durante a ditadura civil/militar, 
mas podia ter sido ontem

As poucas pessoas sensatas que conheço estão horrorizadas agora com o avanço velocíssimo da censura a obras de arte, ao Queermuseu, à vinda de Judith Butler para bater um papo democraticamente com quem quiser, etc.; estão horrorizadas também com a demissão quase em massa de jornalistas, administradores culturais, professores, etc., além da perseguição a artistas, líderes populares, magistrados, etc., identificados ainda que de leve com um pensamento dito de centro-esquerda (sim, centro-esquerda, ou seja: pessoas perfeitamente decididas por um meio democrático de medidas negociadas com todos os setores da sociedade, sem rupturas traumáticas ou ideológicas).

Para se ver a GRAVIDADE da coisa.

A mim, não obstante, não me espanta nem um pouco: sinto que não poderia esperar diferente, sabendo o que sei. E o que sei é que nenhum Golpe de Estado se mantém no poder sem fazer seu país dar saltos violentos para trás em todas as áreas. 

Se a História ensina alguma coisa ao observador atento, é que sempre foi assim.

Então, não me espanta: desde 2015 sabia que um dia o esquema "arte degenerada" dos nazistas voltaria, & com toda a força. 


Entartete Kunst, ou "arte degenerada": quem diria?
Para alguns no Brasil (& lá fora), os bons 
tempos nazistas voltaram.

(A única sorte é que não haverá mais fogueira de livros. Não por algum bom motivo, mas porque ninguém lê mais, mesmo. Seria total perda de tempo queimar coisas que já não têm o mais remoto efeito na nossa sociedade de zumbis das máquinas).


Moralistas já queimaram livros bem antes ...


....& nazistas eram bons nisso também.

Os imorais no poder precisam da distração de que estão fazendo um serviço de moralização da sociedade, porque sabem que a população é muito suscetível ao argumento, basta ver o estrago que a palavrinha "corrupção" fez ao ser acionada, o mesmo efeito que certos comandos têm sobre uma matilha louca para matar. 

Porque o comando depende apenas de para onde o treinador da matilha aponta: a palavrinha de ordem é mero modo de ativar os bichos, como sabemos, porque ninguém está hoje incomodado com a verdadeira corrupção, que vive aí a solta numa boa destruindo o país: queriam só a desculpa sonora. 

Agora é dar ao público a resposta que sempre esperou à "pouca vergonha", no vocabulário encabulado do típico conserva, de hábitos mais quadrados do que os do seu tataravô quando era um nonagenário. 

Para sabermos que se trata do Brasil, a grande ironia de tudo isso fez com que um dos títeres do ataque à pouca vergonha seja um ex-ator pornô. E esse machista dos bons costumes fazia até, em seus áureos dias, o que lhe parecia muito gostoso sexo homossexual. 

E não ficou um carola (cafona sempre foi) porque tenha se arrependido de seu antigo ganha-pão pornográfico & se convertido a algum modo de se penitenciar, adotando também uma discrição humilde & devota, como fazem tantas mini-celebridades como ele. 

Não: faz porque, carreira encerrada com a idade, encontrou no ódio um aliado que antes encontrara no amor.

O ódio hoje se tornou o combustível do país. 

Alguns me perguntam: por quê?

Quem deu o Golpe irá até as mais horripilantes crueldades porque, em primeiro lugar, tem de atender à demanda de horror que pediu sua existência (o menos de 1% mais rico deste mundo); segundo, porque se parar vai ter de encarar o desastre que gerou. 

Sociopatas não páram, assim como animais que provaram do sangue continuam matando. E a hora é dos piores sociopatas, a onda é deles. Aproveitaram, naturalmente, para derrubar o que houver de cultura ainda incomodando a burrice geral.

Quer vomitar? Eu tenho o vídeo perfeito para isso. Um vídeo mostrando a SS em ação:


"Dei sorte de ser rico. Você não deu, o problema é teu!"

Agora só vão parar com o banho de sangue encomendado & que será entregue no momento oportuno (&, acrescento, a essa altura já não deve demorar muito).

E será o sangue sacrificial, novamente, que fará com que as pessoas acordem da hipnose &, como eu já disse & volto a dizer, dirão como fora do transe: "como chegamos a isso?"

No fundo, todos sabem como chegamos a isso. Mas no pós-horror não se achará 1 alma que assuma ter feito parte desse horror. 

Portanto, podem esperar mais carolice, mais cafonice, mais acusações inacreditavelmente pudicas, coisa do tempo do onça, & tudo se passando como se ainda não houvesse nem acontecido a já vetusta década de 1960. 

Escrevi, faz alguns meses, "Nova Era Fascista". Realmente não estava brincando, embora concorde que às vezes fica difícil diferenciar uma coisa da outra.



PS: em tempo, poema muy oportuno de Ricardo Aleixo na Modo de Usar. Aqui:


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

CUI BONO? (com divertidos exemplos da carochinha)

Décimo-nono mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer




É tarde, estou cansado & este pobre blog não quer mais insistir, já que, é óbvio, o controle sobre a vontade se tornou algo em prática comum & profunda ao menos depois de, como sabia Philip K. Dick, os nazistas ganharem a Segunda Guerra Mundial.

Mas façamos um pequeno digesto antes de abraçar Morfeu.

Poderia simplesmente aludir àquele gracioso filme de 2009 no título desta postagem, & tudo estaria explicado de um modo muito lateral, esquivo, metido à besta: diria Zombieland &, quem quisesse, que entendesse.

(Seria também uma homenagem disfarçada a meu cineasta favorito, Stanley Kubrick, que tentou dizer as coisas justamente assim, alusivo, alegórico, & as disse. O custo, para ele, foi alto. Altíssimo, se vamos avaliar bem a situação, mesmo com poucas pessoas efetivamente percebendo seus truques de mágico macabro).

O grande pesadelo, como todos sabem, é estar acordado enquanto todos dormem. 

Um homem certa vez foi acordado por um misterioso ruído nos ouvidos, que aparentemente não vinha de fonte externa alguma. Ergueu-se, & o mundo que viu não se parecia em nada com aquele em que acordava todos os dias para o trabalho, para retornar a casa, se distrair um pouco, comer, dormir & tudo de novo amanhã.

Os outros dormiam, desta vez, o mesmo sono em que sonhara viver seu pequeno pesadelo cotidiano de apáticas obediência & rotina, mas mil vezes mais desejável do que o que tinha diante dos olhos agora. 

De olhos bem abertos: via claramente.

O terror de uma distopia de ficção científica ou de um experimento literário mais ou menos psicosociológico é nosso velho conhecido, se tornou cinema & foi parar na Netflix também sob o nome perfeitamente sugestivo de Black Mirror.

O real, como costumo dizer, se tornou até nome de dinheiro, que é a coisa menos real que há.

Informações não importam, porque são conflituosas & interpretações sempre diferem - & eis aí o sabor da invenção, & da fertilidade infinita da mente. 

Um ponto deveria, no entanto, ser muito elementar & de usufruto do bom-senso: aquilo que um dia o advogado nascido em Arpino, de nome Cícero, lembrou de um outro orador ter arguído como pista lógica inequívoca: cui bono? ou cui prodest?

"A quem beneficia?"

Aquele que fizer precisamente essa pergunta, & tiver a inteligência, a curiosidade & a coragem de seguir para a resposta evidente a ela despertará como o triste infeliz lembrado alguns parágrafos atrás, para sua inteira perplexidade. 

Poderá viver no mundo de antes? Dificilmente. Não estará mais no Kansas, acordará da Matrix, terá posto os óculos escuros de João Nada.

Será como os antigos filósofos & arquitetos que, uma vez tendo contemplado a constituição numérica oculta que constrói o mundo, já não podiam mais ignorar a estrutura implícita em tudo.

O plano é um horror, a ingenuidade quer a harmonia. 

Mas, como disse o bêbado F'rnándo P'ssôa uma vez, é mesmo um horror, mas é melhor ter consciência. E o caolho, C'mõesh, contou da abertura da máquina do mundo, aquela que um itabirano magro, funcionário público & cansado rejeitou de mãos pensas.

A máquina, & sua ansiedade sobre o mundo hipnotizado.

Fechamos os parênteses, encerramos os contos misteriosos & arrumamos a cama.

Good night. And good luck.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

FOLHA: UM JORNAL A SERVIÇO DO GOLPE

Décimo-nono mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer





Se ainda restava qualquer dúvida de que a Folha de São Paulo está roída de dentro por ratos, hoje essa dúvida desapareceu: ao pôr em letras garrafais na manchete que "maioria quer Lula preso" ela deixa integralmente de fazer jornalismo para se tornar parte enfática da máquina fascista.

"Querer" Lula preso não tem nada a ver com um processo que deveria ser isento & jurídico, & que, como sabemos, não é nenhuma das duas coisas desde o começo, via juiz inimigo, com o qual voltamos à Idade Média. 

Se um jornal já perdeu até mesmo a vergonha de passar por cima do Estado de Direito para entrar na máquina de propaganda golpista, é porque estamos realmente enfiados até as orelhas numa ditadura.

Sabe-se que a ditadura militar teve o aval entusiasmado da Folha de São Paulo. O Golpe de 2016 também. A prisão de Lula, sem provas, sem verdadeiro processo jurídico, também terá. 

São dias muito escuros, os nossos, & históricos. 

Lula será preso, não restam mais dúvidas. O que se fez no passado com outros grandes líderes populares será o seu destino igualmente, & ainda outra lição para quem quiser adiante desafiar os antigos privilégios, como quando Lula discursou, eleito, que "500 anos acabam aqui". 

Ingenuidade dele: levou pouco mais de um ano de ditadura para Temer nos devolver quase às portas da escravidão. Dois meses para nos devolver aos anos 30. Bem pouco para deixar o Brasil de joelhos internacionalmente.

Conquistas são delicadas. Canalhice é simples & imediata.

Os verdadeiros corruptos, contra quem a abundância de provas chega a ser um completo escândalo de malas repletas de dinheiro, de helicópteros repletos de cocaína, de decisões repletas de entreguismo & covardia, esses continuarão no Senado, na Câmara, nos ministérios, na faixa presidencial, no mais alto lugar da Justiça (apenas de fachada) do Brasil.

Estamos assistindo, desde 2015, a um novo 1964. A maior parte dos brasileiros, inclusive influentes, segue calada ou golpista. 

Dizem que o brasileiro não tem memória. 

Ao menos um deles tem, está bem aqui & não vai esquecer o que viu exemplarmente. O futuro aguarda a todos, & a História não tem remédio. 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

"NÃO SEJA UM OTÁRIO", DIZIAM OUTROS ESTADOS UNIDOS

Décimo-sétimo mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


Não, isso aqui não é a Guerra Civil do século XIX: isso
aconteceu no último fim de semana, em Charlottesville, Virginia,
& deixou saldo de mortos & feridos, além de um testemunho sólido
da volta do fascismo, defendida em solo estadunidense como
"o direito de livre expressão", que não vê contradição alguma
com a criminalização da discriminação & do discurso de
incitamento ao ódio.


A coisa, que já estava feia, rapidamente fica pior.

Pode ser surpreendente (& é) que brancos com tochas tenham feito uma marcha, livres da polícia, livres de qualquer constrangimento, gritando o lema nazista “blood and soil”, entre outras violências; mas é muito mais surpreendente que, depois da violência que esse ato ilegal gerou, uma quantidade maior de estadunidenses tenha defendido os nazistas que defendiam a permanência da estátua do perverso general Lee na cidade.

Disse “ilegal” porque é ilegal pelos Atos dos Direitos Civis discriminar alguém por raça, o que constitui um crime, & é precisamente o que faziam; ilegal também pelo incitamento ao ódio, que também era abertamente o propósito da marcha, do simbolismo das tochas, das suásticas,  do reclamar o país todo apenas para um grupo sob o argumento nazista da "pureza" da "raça", etc.

(E seria até curioso perguntar-se por que a polícia não estava em parte alguma. Aqui no Brasil, se pessoas pacificamente protestarem a favor da democracia que nos foi roubada, a polícia tem sempre um presente de violência com que brindar o povo. Nos EUA, pessoas cometendo atos explicitamente criminosos de discriminação, & visivelmente preparadas para violência até física - se assim se determinar - deixam que façam seu incitamento ao ódio sem o menor constrangimento, em silêncio conivente).

Mas não creio sequer que fosse necessária a ilegalidade jurídica para se saber que aquilo deve ser coibido: basta você ter um mínimo de respeito pelo outro, pela diferença. Basta um mínimo de empatia (aquilo que se diz que os psicopatas são incapazes de ter), a noção de que a discriminação é uma brutalidade anti-humana. Aliás, tem havido, desde sempre, um esforço coletivo de livrar a humanidade disso, sabidamente uma desgraça.

Detesto estar certo sobre coisas horripilantes com tanta freqüência & antecipação: no Brasil, previ que haveria um golpe, não por algum poder sobrenatural, mas porque estava escrito no crescente fascismo da sociedade brasileira, incitada pela mídia de massas, que era isso o que haveria; depois, escrevi aqui mesmo que os sintomas não eram visíveis apenas no Brasil, mas no mundo, os sintomas de uma nova era fascista.

Aí está, se alguém precisava de mais explícita confirmação.

E Charlottesville, a espantosa reação favorável aos supremacistas brancos está longe de ser o ponto mais horripilante que esses desenvolvimentos dos últimos 17 anos terão. Isso é só o começo, já vou avisando também: porque assim como não se dá um golpe de estado para se ficar no poder apenas 2 anos (coisa que qqer brasileiro já deveria saber desde 1964, ao menos), também não se observa esse nível de ódio na sociedade sem que se produza como resultado um banho de sangue de proporções enormes.

Por mais estranho & inacreditável que possa parecer, hoje a sociedade ocidental quer um novo horror do tamanho da Segunda Guerra Mundial, ou pior, para purgar sua sede de sangue, obviamente latente no bicho homem, mas alimentada a todo minuto pela mídia nos últimos 17 anos. Sim, usei o verbo “querer”, porque quer, & tem ganas de.

Imagine como é simples perceber isso: basta você, numa conversa informal num grupo de pessoas, defender o direito de todos, incluindo os mais pobres. Imediatamente o grupo se fecha, acusa você de bolivariano, comunista, totalitário; porque, como sabemos, é totalitário defender o direito de todos, & não o dos grandes privilégios. 

E o privilégio virá se justificar com o discurso de “meritocracia”, supondo-se duas coisas, naturalmente: 1) quem quer que tenha privilégios é porque se trata de fruto do mérito (que freqüentemente é o mérito de já nascer numa classe muito alta ou, lá chegando, agir de todos os modos para que a gigantesca concentração de renda permaneça exatamente assim); 2) quem não os tiver, melhor morrer.

E podem me perguntar: “Ok, se você acha isso, por que é que fariam uma coisa dessas?” Penso que seja simples, a resposta. A violência desencadeada desse modo atinge poucas pessoas privilegiadas (basta ver quantos privilegiados perecem, proporcionalmente, numa situação dessas), o grosso dizimado é na verdade de pessoas muy comuns no jogo financeiro, miseráveis, pobres & de classe média, que são a bucha de canhão das guerras, das ditaduras.

Alista-se sempre, é claro, o desafortunado, porque é uma política, como tantas, de puro & simples extermínio do indesejado. No Brasil isso é visível na Guerra do Paraguai, na ditadura militar, nas chacinas de periferia.

Os privilégios daquela mais estreita minoria mundial criam esse circo toda vez que sentem, pelos números, que a balança pode virar & começar a reduzir sua força financeira desproporcional: quem tem demasiado pretende continuar assim, porque ter demasiado não é ter demasiado apenas para seus já insanos apetites, é para deixar para suas dezenas de gerações futuras, & manter a coisa desse modo, o mais imóvel possível.

Para qualquer um que observar como o mundo tem se comportado, é óbvio que um discurso generalizado de ódio, desconfiança, preconceito, estupidez gratuita & insanidade tem sido o que políticos de extrema direita (voltando a ser protagonistas de um mundo que parecia seguir na direção de se livrar para sempre disso), tagarelas televisivos & suas versões mais modernas na internet, nas redes sociais, têm feito sem parar.

E a internet, com seus desdobramentos hipnóticos nos fones móveis, espalhou a coisa com mais eficiência, porque estupidez é legião, & ao perceber que estão em muito maior número do que imaginavam, os utradireitistas que apenas resmungavam nas poltronas ou quando se encontravam nos pequenos grupos que acolhiam seu desejo de controle dos outros, se tornaram felizes & fortes, porque esse é o tipo, como prova a história, que se sente melhor se acompanhado de uma multidão igualmente hidrófoba gritando slogans de segregação, como assistimos lamentavelmente no passado, & seremos obrigados a reassistir agora.



Um documentário recente, como I am not your negro (2016), retomando as lutas pelos direitos civis através de texto & imagens de James Baldwin, que lutou ali em meio a Malcolm X e Martin Luther King (os dois, lembremos, acabaram assassinados), torna tudo ainda mais extravagante: porque uma sociedade que chegou ao ponto de maturidade de recordar aquele momento dramático na voz de um de seus mais humanos & articulados agentes deveria notar, coletivamente, que está dando passos enfáticos para trás.

Só que não.

O ódio de classe (mas também de contextos de cor & misóginos) levou ao golpe de estado no Brasil, em 2016; um ódio que também é de classe, mas é sobretudo um ódio ainda mais regressivo, contra a existência da mera diferença, retorna nos EUA e na Europa. No Brasil, pela primeira vez de modo explícito, ganha um sentido semelhante na figura grotesca de Bolsonóia, o candidato dos nazistas brasileiros, que já estão longe de ser minoria, ainda que a franca contradição nos termos devesse desencorajar os menos idiotas; nos EUA e na Europa reacendem-se as tochas da Inquisição, dos Ku Klux Klowns (como disse, indignado, o vice-prefeito de Charlottesville) & do nazismo.


Tem gente ajudando o Bolsonóia & seus nazistas
brasileiros (vai entender isso): um doce praqueles
que souberem dizer quem ajudou a derrubar um
governo de pessoa honesta, democraticamente
eleita, & apoiou um golpe de estado do ódio 
de classe, de cor & misógino, & pretende
sabotar as, ah-ham, eleições de 2018 com a ajuda
de um juiz camicia nera.

Tem gente achando que não é nada, uns eventos isolados sem maiores conseqüências. Não tem problema: voltamos a conversar em mais alguns anos & daí vocês me dizem o que acham.

O maior perigo é sempre não agir quando a coisa está começando, porque agora já está tomando um tamanho difícil de controlar & tem chegado até governos nacionais. Quando houver um grupo de alguns governos nacionais poderosos, & de extrema-direita, eles darão as cartas. E daí não haverá nenhuma solução que não custe décadas & o sangue de muitos milhões de pessoas.

E daí as pessoas tontas se perguntarão, como sempre fazem: “como chegamos a isso?” Está bastante óbvio, tem já 17 anos de construção.

Mas já que parece haver uma demanda por algum entendimento mais simples & ilustrado do assunto, algumas pessoas têm lembrado que houve um filme estadunidense muito educativo sobre como perceber um discurso de ódio, suas implicações & conseqüências. O discurso fascista, & como ele vem enfeitado.

Don't be a sucker (Não seja um ótário, 1947) vem a calhar hoje, quando otários caem como patinhos (patos que depois vão mesmo pagar, embora digam que não) numa conversa velha &, pior, burra. Se diz no vídeo: "America IS minorities". Este aqui vídeo aqui:


Don't be a sucker ("Não seja um ótário", 1947, made in the USA,
oh boy, & não por comunistas, nem bolivarianos, nem muçulmanos,
nenhum desses tipos maus contra nazistas bonzinhos que só querem 
devolver o seu país a você, dono dele por direito de sangue & de solo).
Infelizmente, o vídeo breve & simples virou de novo um manual
necessário para a educação contra as massas sedentas de sangue,
no Brasil, também.

domingo, 6 de agosto de 2017

QUER A VERDADE TODA EM MENOS DE 5 MINUTOS? GLENN GREENWALD

Décimo-sétimo mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer

Enquanto muitas pessoas debatem ninharias ou ficam perplexas com o Brasil fazendo coisas completamente absurdas, o jornalista estadunidense Glenn Greenwald, vencedor do Pulitzer, diz tudo em menos de 5 minutos, como aparece no canal do Youtube do jornalista Paulo Henrique Amorim:


E é claro que os interessados em alguma verdade (gente rara, hoje, nesta nossa época de lambedores de bota) poderão também se lembrar de que tudo aquilo que foi pego na conversa do Jucá com Machado se realizou. Aquele pesadelo, exatamente.

Ponho aqui trechos notáveis para facilitar para a leitora & o leitor:

Machado: Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.

Jucá: Eu acho que...

Machado: Tem que ter um impeachment.

Jucá:  Tem que ter impeachment. Não tem saída.

(...)

Machado: Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.

Jucá: Só o Renan que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.

Machado: É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.

Jucá: Com o Supremo, com tudo.

Machado: Com tudo, aí parava tudo.

(...)

Machado: Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.

Jucá: Caiu. Todos eles. Aloysio, Serra, Aécio.

Machado: Caiu a ficha. Tasso também caiu?

Jucá: Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.

(...)

Machado: O Aécio, rapaz… O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…

Jucá: É, a gente viveu tudo.

(...)

Jucá: Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, só tem condições de (...) sem ela. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.

(...)

Machado: Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori, mas parece que não tem ninguém.

Jucá: Não tem. É um cara fechado, foi ela que botou, um cara... Burocrata da... Ex-ministro do STJ.

_______________________________________

Sabemos o que houve com Dilma e o que houve com Teori. Como se disse na instrutiva conversa: "Está tudo tranquilo".


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

TODOS JÁ SABEMOS O RESULTADO

Décimo-sétimo mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer



Brasil: um filme de terror



Escrevo isto na manhã do segundo Dia da Vergonha (o primeiro foi 17 de abril de 2016, quando se "votou" o Golpe de Estado sobre uma governante honesta & eleita democraticamente): o motivo deste é, naturalmente, o ditador Micharia Temerária sair livre de investigação, livre para continuar a destruição acelerada do país.

A despeito de tudo o que se reuniu contra ele (lembre-se que contra Lula, agora condenado pela mesma ditadura, não havia nada), sairá livre.

Como sei disso? Não se dá um Golpe de Estado & se implanta uma ditadura para que o mesmo bando que te levou ao poder te chute de lá. 

Muito rabo preso; porque, como todo mundo sabe, rato tem rabo.

Então, apresento, com minha bola de cristal, o resultado de hoje: Temerária, o vampiro, continuará sugando o sangue do Brasil.

Mas que ninguém se engane, com a ampla conivência do cordial brasileiro. 

Tudo está bem no melhor dos mundos possíveis, diria o Professor Pangloss. 

sexta-feira, 21 de julho de 2017

NOS BRAÇOS DO POVO, CONTRA OS CANALHAS

Décimo-sexto mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


Ontem, na Avenida Paulista lotada: 
"Foram procurar o Lula na Suíça e acharam o Aécio".


O senador Lindbergh Farias fala tudo aqui (tudo mesmo) & começa: "Sergio Moro, você é um fantoche da Rede Globo".

quarta-feira, 12 de julho de 2017

ONTEM, PRESIDENTE; HOJE, HERÓI

Décimo-sexto mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


O primeiro dia no qual o Estado de Exceção brasileiro surge oficialmente: soltar & absolver canalhas comprovados, & mandar prender sem provas. 

O aspecto interessante disso é: acabam de dar o último retoque que faltava ao título heróico.

Bob Marley lembrava que é comum as pessoas ficarem só olhando, sem dizer nada, quando matam os nossos profetas. A linguagem é toda figurada, mas se aplica ao Brasil: solta os ratos, & manda prender o homem que tirou 40 milhões de pessoas da miséria.

(O motivo, naturalmente, é o de que estavam se borrando de medo do fato de que ele seria eleito de novo, & no primeiro turno, caso houvesse democracia, & não esta presente ditadura).

Stanley Milgram provou que as pessoas costumam obedecer quietas às autoridades, não importa se diante da injustiça ou da crueldade.

Já eu dizia que o Brasil é o Mundo Bizarro, das HQs do Superman, muito instrutivas.

Como detesto ter razão.

E, só para lembrar & vomitar 
(vomitar ajuda a limpar o sistema):



...mas ainda há luz

E para lembrar que há luz até na mais densa escuridão, como a deste país, o ato heróico das senadoras, que conseguiram barrar um crime, ontem, por heróicas 7 horas. Inesquecível.

Isso é brio & coragem. Exemplar, para um país tão cheio de covardes & ratos.



domingo, 4 de junho de 2017

A NOVA ERA FASCISTA NO MUNDO

Décimo-quinto mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer

Não se enganem.

"Damn you, pessoas da sala de jantar!"


É claro que haverá sempre a turma do "deixa disso", que diz que tudo está bem no melhor dos mundos possíveis, mas a mente Panglossiana, ou Pollyanna, sabe-se, é só um eco das pessoas da sala de jantar de que falavam os Mutantes, aqueles que se acomodam por conveniência ou por ódio à diferença, um traço regressivo humano, que nas antigas condições punha tribo contra tribo, líder contra líder, os liderados contra os liderados, & que na república tirânica fazia o esquema que a ditadura militar brasileira (esta agora não é militar) resumiu de modo citável, "ame-o ou deixe-o": não o país, mas o aparato ditatorial, que não aceita divergência.

Ziraldo, na época, mostrava como funciona o esquema


É como o gabinete golpista, "liderado" pelo golpistinha liliputiano, faz: os milhões que têm saído às ruas pela sua derrubada são invisíveis para ele & para a mídia que lhe lambe as botinhas, &, quando se manifestam, são duramente atacadas por sua milícia ditatorial, aos olhos perplexos da civilização, a que restou neste paiseco & a que ainda resta lá fora.


Nem mesmo isso derruba o ditador. Nem mesmo sua corrupção,
os quase vinte pedidos de impeachment, nem gravações com 
sua voz, nem o inquérito instalado pelo STF. A pessoa inteligente
se pergunta: "por que ele não cai?" & a resposta inquietante é: "ele 
representa uma ditadura cujos interesses são maiores do que tudo isso".


"A que ainda resta lá fora", escrevi. Não é um exagero.

A construção do "inimigo estrangeiro", particularmente islâmico, já tem 17 anos. 

Os buracos mais escuros do Ocidente fizeram aos poucos emergir aquele monstro cego, estúpido & hiperviolento que já se mostrou antes como escravocrata, inquisidor, nazista, parte realmente regressiva da mente coletiva, a parte que odeia & anseia por destruição, a de dois cães que se estranham no passeio & querem se matar por isso.

Na humanidade isso se instrumentaliza com o uso da chamada razão


Goya obviamente estava certo ao assinalar que o sono da razão produz monstros; não obstante, depois do estrago que o nazismo fez no mundo, foi agregado um pequeno inciso ao dito, lembrando que a insônia da razão também

Uma hiperracionalidade cega, & por outro motivo: incapaz de recorrer ao mínimo comum da convivência humana, que não tem nada a ver com razão, mas com amor, compaixão, opção de deixar diferenças importantes de lado, gentileza, generosidade, desinteresse, a hiperracionalidade só entende números, estatística, interesse, o foco estabelecido para a rota de exclusão de todas as variáveis ditas "não-eficientes" por quem decide o que é eficiência nesses termos.

E isso foi o século XVIII que nos deu.

Goethe, a República de Weimar, Voltaire, a Enciclopédia, & sobretudo aqueles seus filhotes inanes que vieram louvar a ciência como verdade & odiar o resto como superstição venenosa (por causa dos múltiplos & intensos abusos de uma era teocrática), criaram esses fanáticos da razão & da eficiência, os tipos que planejam puxar o tapete da civilização sempre que seu plano, classista, eugênico, da eficiência mecânica, da concentração escravagista, maquinal, pareça ameaçado.

Também são esses que vêem uma guerra dos vestígios do cristianismo com os vestígios do islã como uma guerra civilizacional sine qua non, para não apenas definir uma primazia final & definitiva, & para que, por fim, uma facção consiga dominar todos os recursos do planeta, que começam a seriamente faltar: quem controlar esses recursos não apenas poderá fazer o que bem entender, mas terá uma fonte garantida de riquezas.

A verdadeira civilização, que foi o sonho de uma possibilidade humanística truncada, a que disse com Marsilio Ficino una est religio in rituum varietate, & que com Pico della Mirandola & suas 900 Conclusões (que provavam aquela frase de seu amigo mais velho) queria atestar o sem motivo do atrito entre pessoas de diferentes religiões, ou, diríamos já hoje, também as sem religião alguma. 

O século XVIII fez algo de bom por nós? Uma boa porção de boas coisas, mas já vivemos o suficiente dentro dele para que sua paródia cruel já se manifestasse, que suas soluções ficassem datadas ou simplesmente passassem a girar em falso, por mero hábito. Está na hora de temperarmos o conhecimento que nos trouxe com coisas importantes que deixamos para trás & outras que descobrimos adiante.

Fernando Pessoa por exemplo disse, de modo exemplar: "aquele que em mim sente está pensando". Aí estaria um bom ponto de onde começar algo novo.

Mas não é por aí que estamos indo. 

Estamos reeditando o pior da paródia, do ódio à diferença, que o século XVIII normatizava sob o nome condescendente de "tolerância": a tolerância não compreende nem aprecia, mas tolera do alto de sua autossuposta superioridade, que um dia, é claro, se cansa de tolerar & solta seus cachorros sobre a diferença.

Não é outra coisa o que aconteceu no Brasil: em um documentário franco-alemão sobre o Golpe (claro, brasileiro é que não seria), a equipe apresenta uma filmagem de uma reunião de ruralistas ricos & brancos dizendo que o governo (nesse caso, o do Partido dos Trabalhadores) havia posto índios, negros, sem-terras, gays, lésbicas etc. lá, & onde estava a família? Onde estavam eles, ricos ruralistas? 




É claro que eles estavam bem representados no governo, mas não o bastante. Privilégio não aceita diminuição, só aumento. Pergunte-se: por que banqueiros apoiaram o Golpe de Estado, por exemplo, se ganharam tanto com os governos do PT? 

Todos ganhavam muito bem com esses governos, mas notaram que, a continuar o esquema daquelas políticas sociais de promoção, ainda que discreta, dos mais pobres a uma condição mínima de dignidade humana, eles estariam, & o topo de seus privilégios, com os dias contados. Não poderiam mais levar as coisas para o extremo de seus interesses.

Garotos & garotas de 15 anos já confrontavam o governo do Estado de São Paulo, quando esse ameaçou destruir ainda mais o ensino público (o objetivo de destruir o ensino público tem motivações óbvias); o pré-sal e a água brasileiros asseguravam ao país uma situação confortável de recursos raros & caros no futuro imediato; o país já chegara à sexta posição nas economias do mundo; o BRICS se consolidava como um dos focos de uma divisão de poder mais equilibrada no mundo.

As situações interna & externa apontavam para o contrário da confortável concentração de poder & renda em anos futuros. Era atacar agora, ou nunca.

Veja a pressa com que o liliputiano covardezinho nos devolve em parte à década de 1980, &, em certos pontos, a antes da década de 1930. 

Por que a pressa? 

E daí pergunte-se: se Dilma Rousseff caiu porque, como diz o liliputiano advogado constitucionalista, milhões queriam e ela não tinha mais o controle do congresso (& um advogado constitucionalista deveria saber - mesmo sendo só um pequenino covarde - que só crime de responsabilidade, como os dele, poderiam constituir matéria de impedimento), como um golpista corrupto, com quase vinte pedidos de impeachment, milhões nas ruas contra ele, que bate em inéditos 90% de rejeição, & com inquérito contra si no STF, gravações que o implicam diretamente, & que ativamente destrói o país com uma gangue mafiosa no poder, não cai?

Como disse acima, a resposta é simples: como ditadores militares não caíram por 20 anos no poder? 

Os interesses que os mantiveram, como os interesses que o mantêm, são infinitamente mais poderosos do que o povo, o Estado & as mentes ainda funcionando no país.

Quando um juiseco pode, na cara-de-pau, soltar ladrões confessos & perseguir politicamente inocentes, mesmo com vozes jurídicas internacionais do peso de Geoffrey Robertson & Luigi Ferrajoli criticando severamente as atitudes medievais da (sic.) justiça brasileira, você precisa entender que as coisas estão muito longe de um mínimo Estado de Direito.

Trata-se de uma ditadura, não-militar, mas com o apoio dos mesmos setores que puseram & apoiaram a militar. Que setores são esses, fora o congresso podre? Uma faixa bem conhecida do empresariado, a mídia de massas, uma parte explícita do aparato jurídico do país, & mesmo uma parte ainda quieta do exército, além da parte conservadora de tipo hidrofóbico da população, que a mídia sabe com que tipo de alimento midiático cultivar.

O mundo não está diferente.

E nem acho que precise me estender nisso. Detesto ter de afirmar & repetir o óbvio. Quero acreditar que a massa cinzenta das pessoas não precise de alguém insistindo ali no girar da chave para dar partida.

Mas nos filmes de horror é aí mesmo que a coisa pega, sigamos na metáfora: o carro que poderia tirar a pobre personagem da situação horripilante estranhamente não pega. Gira-se a chave & nada do motor responder.

É um clichê desesperador. E o mais desesperador sobre os clichês é que eles são todos verdade. 

A realidade é sempre pior do que os filmes de horror: no
mundo é sempre sexta-feira 13, & os motores não respondem.